O REI

 

O Rei

Um típico show de Presley dos anos 70 era mais parecido com uma série de rituais e cerimônias que uma performance de um simples artista. Elvis fez sua grande entrada com Also sprach Zarathustra, de Richard Strauss que é popularmente conhecida como "Tema de 2001" chegando no centro do palco quando era erguido por alguma força sobrenatural. Ele incorporou chutes de karatê e movimentos de tai chi em suas apresentações, bem como outras posturas dramáticas.

 

Os shows de Elvis Presley nos anos 70 eram eventos teatrais cheios de atuações.
Os shows de Elvis Presley nos anos 70 eram eventos teatrais cheios de atuações

 

Embora a enorme popularidade tenha forçado Elvis a viver uma vida escondida do público, sua atuação no palco criava a ilusão de intimidade. Sua relação com o público se baseava em tratá-los como velhos amigos ou como membros da família.

Havia muita interação entre Elvis e o público como as trocas de "presentes". Elvis jogava toalhas e flores para a platéia, os fãs retornavam o gesto jogando as peças íntimas, chaves do hotel, ursos de pelúcia, buquês e outras lembranças.

Na verdade, cada vez que Elvis tocava em Las Vegas, o hotel estocava roupas íntimas novas nos banheiros por que as mulheres atiravam suas roupas íntimas no palco enquanto ele estava se apresentando. Elvis beijava, abraçava e segurava as mãos de várias mulheres da platéia. Elas se alinhavam abaixo do palco, como uma fila para receber a realeza, esperando serem abençoadas pelo toque do Rei. As pessoas na platéia esperavam que Elvis cantasse músicas específicas e realizasse movimentos familiares e ele sempre atendia às expectativas.

Este tipo de interação pode ser comparada ao início da carreira de Elvis, quando as platéias ficavam histéricas com seus giros e estilo de apresentação. Mesmo nesta época, Elvis apresentava um instinto sobrenatural ao saber o que os fãs queriam ver e escutar. Ele provocava com alguns movimentos dos quadris e das pernas, fãs respondiam e depois ele selecionava membros específicos da platéia para interagir com ele. Essa fenômeno era recíproco, criando um forte laço entre o artista e a platéia. Se os fãs de Elvis eram geralmente leais e demonstraram isso durante sua carreira, este aspecto interativo da sua atuação - desde o início de sua carreira até o final - foi parcialmente responsável.

Algumas roupas receberam determinados símbolos que tinham algum significado para Elvis, incluindo águias, emblemas de karatê, tigres ou relógios de sol. Os fãs se referem a estas roupas pelo nome, como o Mexican Sundial (Relógio de Sol Mexicano), King of Spades (Rei de Espadas), Rainbow Swirl (Redemoinho de Arco-Íris), American Eagle (Águia AMericana), Red Flower (Flor Vermelha), Gypsy (Cigano) e Dragon (Dragão). Eles podem identificar turnês específicas e aparições pelas roupas que Elvis usava.

 

O jumpsuit azul de Elvis ficava mais acentuado com o cinto branco com pedras preciosas.
O jumpsuit azul de Elvis ficava mais acentuado com o cinto branco com pedras preciosas
Se houvesse um símbolo que representasse este período da carreira de Elvis, seria o jumpsuit com pedras preciosas. Quando Elvis lançava cada nova turnê ou em cada nova aparição em Las Vegas, seus jumpsuits ficavam mais elaborados. Ás vezes eram acompanhados de uma capa até a cintura ou até o chão, estas roupas eram decoradas com pedras reais, jóias e pedras semi-preciosas. Ao adicionar as correntes e botões, as roupas podiam pesar quase 14 quilos.

 

Elvis também ridicularizava sua imagem de símbolo sexual dos anos 50 exagerando os movimentos pélvicos e posturas sexuais de seu antigo estilo de dançar, enquanto faz piadas sobre "os velhos tempos." Uma parte peculiar de sua atuação era enxugar o suor da sua sobrancelha com seu lenço ou com uma toalha, jogando logo em seguida para a platéia. Este gesto se tornou tão popular que dezenas de toalhas brancas eram mantidas no palco para que Elvis as jogasse para os fãs em intervalos freqüentes.

 

 

O estilo variou após o início dos anos 70, mas seu estilo de música e o formato da sua atuação não mudaram. Os fãs gostavam de traçar paralelos entre a vida pessoal de Elvis e as músicas que ele escolhia para cantar em determinados pontos de sua carreira. Por volta de 1972, Elvis e Priscila estavam com problemas no casamento, ele incluiu "Always on My Mind" e "You Gave Me a Mountain" duas músicas sobre os desafios e tribulações da vida e do amor.

No ano seguinte, Elvis incluiu "My Way" no seu show. Paul Anka escreveu esta letra poderosa, que fala sobre um homem refletindo sobre sua vida enquanto a morte se aproxima, tendo Frank Sinatra em mente. A música se tornou um hino pessoal para Elvis, que parecia explicar seu excêntrico estilo de vida e imaginação maior que a vida. Entretanto, o disco com esta música de Elvis não foi lançado até Junho de 1977.

Em 1971, o escritor de músicas country Mickey Newbury juntou um arranjo exclusivo de três músicas do século XIX que ele gravou e lançou como "An American Trilogy". Elvis escutou a gravação e incorporou imediatamente o medley no seu show. Esta peça se tornou tão associada a Elvis Presley que é difícil imaginar qualquer outra pessoa executando-a com o mesmo fervor de Elvis. Uma combinação de "Dixie", "The Battle Hymn of the Republic" e a espiritual "All My Trials" as músicas refletiam o patriotismo de Elvis, suas convicções religiosas e sua grande afeição pelo Sul.

Comediantes de Las Vegas sempre abria os shows de Elvis, mesmo quando ele estava na estrada. Aficionados por Rock ficavam espantados pelas antigas rotinas e piadas antigas destes cômicos, particularmente por que esta geração viu a chegada de uma geração de comediantes mais atuais com material socialmente relevante.

Mas, mesmo quando Elvis estava no auge do rock 'n roll em 1956 e 1957, sempre viajou com uma quantidade peculiar de show de variedades, atos realizados pelo Coronel, entretanto, parecia natural que o Coronel contratasse este tipo de abertura quando Elvis voltou aos shows ao vivo nos anos 70. Elvis e o Coronel estavam acostumados a este tipo de show e o humor deu certo em Las Vegas. Sammy Shore abriu o show para Elvis no início dos anos 70 e Jackie Kahane fez as honras após 1972.

As responsabilidades de Kahane eram anunciar: "Senhoras e Senhores, Elvis deixou o prédio" no final de cada apresentação. Elvis raramente realizava o bis, apesar de várias vezes a platéia permanecer após o final do número, esperando que Elvis respondesse aos aplausos e retornasse para uma última canção. Para evitar qualquer problema com os fãs, Elvis sempre corria para os bastidores após a última canção, geralmente enquanto a banda ainda estava tocando e entrava no carro que ficava esperando nos bastidores. O anúncio de Kahane avisava à platéia que era realmente hora de ir.

A despeito das apresentações ao vivo de Elvis durante os anos 70, havia ainda muitas grandezas. Em 9-11 de Junho de 1972, Elvis tocou no Madison Square Garden em Nova York. Esta seria a primeira vez que ele se apresentaria ao vivo em Nova York. Todos os quatro shows se esgotaram antecipadamente. Um total de 80.000 pessoas assistiram, incluindo David Bowie, Bob Dylan, George Harrison e John Lennon.

Entretanto, Elvis e sua equipe temiam que os críticos sofisticados de Nova York não gostassem de seu show no estilo Las Vegas. Na noite de estréia, Elvis estava coberto com um de seus jumpsuits com pedras preciosas e com uma capa com acabamento dourado. Ele usava um cinto gigante com a inscrição "The World Champion Entertainer" (O Maior Artista do Mundo) para o caso dos críticos não saberem com quem estavam lidando.

Durante o show, particularmente enquanto cantava suas músicas antigas, Elvis manteve uma distância irônica da platéia. Ás vezes ele não conseguia resistir e fazia piadas com sua antiga imagem. No início de "Hound Dog" por exemplo, Elvis caiu dramaticamente em um joelho e depois disse, "Ai, desculpem-me," e trocou de joelho.

Durante o show em Nova York, Elvis parecia estar no auge da sua forma física. Sua voz estava forte e clara e ele cantava uma variedade de músicas antigas e novas com drama e atitude. A maioria dos críticos de Nova York estavam estusiasmados. A RCA gravou todos os quatro shows no Garden para um álbum intitulado Elvis as Recorded at Madison Square Garden. Eles mixaram as músicas, prensaram os discos e colocaram os álbuns nas lojas em menos de duas semanas.

Além do disco do show, dois documentários - Elvis on Tour e Elvis: That's the Way It Is - foram lançados enquanto ele fazia a turnê.


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